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domingo, 11 de março de 2012

O QUARTO PODER

"Não há nada que nos provoque problema maior do que o fato de aceitarmos um rumor, pensando que aquilo que ganhou tão ampla aprovação é o melhor, e que, como temos tantos a seguir como bons, vivemos pelo princípio não da razão, mas da imitação". (Sêneca)

Formadora da opinião pública, a Imprensa torna-se uma arma quando não prima pela ética, pela apuração minuciosa de suas reportagens junto a fontes confiáveis, pela fidelidade aos princípios da verdade que não se coadunam com "achismos", denúncias sem fundamento, suposições e insinuações vazias e inconsequentes.


Era verão de 2007/2008. A grande imprensa veicula a notícia de que o Brasil vivia o risco iminente de uma epidemia de febre amarela. Porém, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP mostram que o "discurso" das reportagens e artigos publicados foi equivocado. Na realidade, o que existiu foi uma epizzotia, ou seja, uma manifestação contagiosa da doença entre animais, localizada, e não uma epidemia, que envolve humanos.

Segundo a jornalista Cláudia Malinverni, o que houve foi uma "epidemia midiática", quando a imprensa literalmente "construiu" a epidemia de febre amarela, em 2008. A pesquisa de Cláudia teve como base 118 matérias veiculadas em jornais de São Paulo, entre Dezembro/2007 a Fevereiro/2008. A conclusão foi uma coletânea de informações imprecisas, tais como a não-identificação do ciclo da doença e de que o mosquito transmissor teria sido o Aedes Aegypti. Ora, desde 1950, o Aedes não é mais transmissor da febre amarela urbana e na febre amarela silvestre a transmissão se dá por mosquitos da espécie haemagogus e sabethes. Além disso, a febre amarela urbana epidêmica não é registrada no país desde 1942.

Essa corrente epidêmica midiática começou com a divulgação de uma nota técnica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, voltada a profissionais do setor, que informava sobre a morte suspeita de macacos e de um homem, por febre amarela, em Goiás, região endêmica (não epidêmica)

A partir daí, a pequena nota tomou proporções na mídia como "epidemia", ganhando capas sucessivas nas edições da Folha de São Paulo, com desdobramento para colunistas e comentaristas políticos. Saliente-se que ao longo da cobertura apenas um artigo de especialistas em saúde pública foi publicado. Os especialistas com opiniões contrárias à tese de epidemia tiveram muito menos espaço na mídia do que aqueles favoráveis.

Em decorrência disso, houve um exponencial aumento da demanda pela vacina contra a febre amarela. Dados do Ministério da Saúde atestam que o Brasil distribui anualmente uma média de 15 a 16 milhões de doses da vacina. Na ocasião, em apenas 40 dias, foram distribuídas 13 milhões de doses, obviamente, trazendo um considerável e desnecessário gasto de dinheiro público.

O mais grave, no entanto, do aumento da demanda da vacina foi a ocorrência, em 2008, de oito casos de reação adversa grave à vacina, dos quais, seis foram a óbito.

Isso ilustra como funciona a corrente maléfica da irresponsabilidade e, na maioria dos casos, da má-fé midiática. Tudo porque se pauta no negativo e no dramático para fazer dinheiro, não importando as consequências.

Com a mesma obstinação, a mídia cria e destrói mitos, elege e depõe governos, vende mentiras e ilusões, vende doenças e crises que não existem, ou camuflam crises por interesses dos grupos que representa. Manipula notícias, edita entrevistas, transformando tudo em um sensacionalismo perverso para vender... vender... vender.... através da negativação.

As grandes potências estão submersas em uma crise econômica muito maior do que o noticiado. A despeito disso, a economia brasileira cresce... e o que nós ouvimos? "A economia brasileira cresce apenas 2%". Pronto: fixou o negativo, embora a notícia, dentro do contexto mundial, seja positiva. 

Não se vê na mídia notícias positivas. Quando não se pode deixar de falar sobre algo positivo, restringem a uma notinha minúscula no final da página ou do noticiário, e nunca mais se fala no assunto. Em compensação, qualquer tragédia, violência, catástrofe rende semanas e meses de manchetes e incansáveis coberturas midiáticas.

Negativar e incutir medo é a base da manipulação e do controle... Deu no Jornal Nacional, todo mundo acredita e ninguém questiona coisa alguma. Assim, se joga na mídia aquilo que os poderosos querem que o povo acredite... e o povo acredita sem questionar. Inconscientes.

Foi assim que se criou a caricatura "Wacko Jacko", que nem de longe se parece ou traduz a essência "Michael Jackson". O esquisito, o bizarro, o megalomaníaco, o louco, o pedófilo Wacko Jacko é somente uma imagem ilusória manipulada para fabricar dinheiro na mídia. Em se tratando de Jackson, rende bilhões de dólares em venda e audiência.


O quanto isso machucaria e prejudicaria Michael, seus familiares e seus fãs não importava, como não importou o dinheiro público desperdiçado e os seis óbitos provocados pela ingestão desnecessária da vacina contra a febre amarela, em uma epidemia que nunca existiu.

Fonte de pesquisa: QUINTO, Antonio Carlos; "Imprensa 'construiu' epidemia de febre amarela", in http://www.usp.br/agen/?=88145; 13/02/2012.


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